Estavam os
dois conversando calorosamente a respeito da união das pessoas. Sobre
as paixões da vida!
O Amor, calmo e brando como só ele o é, ouvia atentamente o que
a Paixão dizia:
- Me entrego
de maneira plena, faço de tudo pelo outro, esqueço de mim mesma
para fazer o outro feliz, e no entanto, geralmente sou deixada de lado bem cedo.
O que será que acontece Amor? Você pode me explicar?
Por mais que eu me esforce eu não consigo entender por que as pessoas
logo deixam de mim! Eu sei que marco de alguma forma na vida dessas pessoas,
mas ao mesmo tempo, me sinto tão só! Uns dizem que sou ardente,
outros dizem que sou pecaminosa. Afinal, qual a diferença entre nós
dois?
O Amor, com
sua sabedoria e paciência apenas ouvia sem fazer uma única interrupção,
até o momento em que a Paixão pediu a sua opinião.
- Bem, dizia o Amor- Em primeiro lugar, o seu erro é justamente esquecer
de si mesma e se entregar de corpo e Alma. Isso machuca, cega e se tem uma visão
errônea do outro.
Você faz com que o outro veja apenas a aparência momentânea,
e esquece que por trás dessa pessoa, existe alguém que sente,
chora e sorri também. Não percebendo o real valor da pessoa, não
percebendo nada além da carne. E isso entristece as pessoas. Pois em
determinado momento descobrem que o que sentiam era uma enorme carência
de si mesmas. Projetando a carência no outro, através de você
Paixão. Confundindo a mente das pessoas, fazendo com que elas sofram.
- Mas não dizem que devemos ser ‘intensos’? Então,
sendo Paixão como sou, obviamente sou intensa...
- Sim, mas
uma intensidade que machuca não é a verdadeira intensidade. Ela
deve ser intensa sempre. E não somente por um breve período.
A Paixão já um tanto desconfortável com as explicações
do Amor disse:
- Então
me diga: a pessoa deve amar ou se apaixonar?
- Todos devem ter uma Paixão na vida. E fazer tudo com Paixão
também. Pois você Paixão, induz as pessoas a querer sempre
mais e isso é bom. Aliada a mim, você consegue tocar nas pessoas
facilmente. E outras vezes você abre o caminho para a minha chegada.
A pessoa deve Amar Apaixonadamente. Ou seja: Eu, o Amor – sou calmo, brando,
sou ‘asas e raízes’, sou presença ou ausência
– estou presente mesmo na distância ou na ausência da pessoa
amada, vejo além das aparências, vejo além da carne, vejo
a Alma, o verdadeiro sentir.... Enquanto você, ‘esquenta’
o coração das pessoas e por vezes consome com sua insegurança.
Então veja bem: se alguém tem um Amor Apaixonado, este é
inteiro (seja por uma pessoa ou um projeto) e tudo que faz acontecer é
de real valor. E quem me conhece, sabe muito bem, que antes de Amar outra pessoa,
deve Amar a si mesmo primeiro. Reconhecendo-me nele mesmo. Enquanto você
faz com que só veja o outro, e não a si mesmo.
Sugiro que você fique ao meu lado para que possamos juntos, encantar muitos corações. Aceita? Disse o Amor para a Paixão.
- Bem, posso
tentar. Pois percebi que você tem razão. Nas pessoas que fazem
tudo com Amor e Paixão, realmente tudo flui, inclusive quando encontram
a pessoa certa. Sim, continuemos então a encantar o coração
das pessoas.
Espero que muitos percebam isso, pois é triste a projeção
no outro, e depois dizer: - O que eu vi naquilo? É o que eu sempre ouço,
depois que cessa o calor da Paixão...
Dizia ela tristemente..
Algumas pessoas
sofrem muito com ‘paixões’, mas com o tempo descobrem que
tudo não passou de uma grande ilusão. Por vezes até uma
certa ‘teimosia’ em alguém querer.
Amar o outro apaixonadamente unido à razão, faz sim valer a pena.
E este Amor, torna-se inesquecível e eterno!
Qual o seu jeito de Amar?
Autoria
Gênice Suavi.